Olá galera,
Como vocês devem saber a UESB comemorou a semana passada seu aniversário de 30 anos, de modo que houve uma série de eventos para comemorar essa data tão importante para a Universidade. Essas comemorações foram encerradas com uma solenidade na noite da última quinta-feira. Mas vou começar falando sobre o que sentir no dia seguinte.
Na sexta-feira ao entrar no site da UESB, via a matéria que tratou ( ou seria melhor dizer "tratorou") da noite anterior( http://www.uesb.br/ascom/ver_noticia_.asp?id=7597 ).Trata-se de mais um ato desta instituição de passar por cima do que aconteceu, de tentar encobrir o que se passa no tocante às questões relativas a nós, estudantes.
Na fala de todos os engravatados, todos citaram a importância dos estudantes, que é em função dos estudantes que a Universidade exste, que tudo deve girar em torno das aspirações dos estudantes, blá, blá, blá. Não me parece ter sido esta a orientação da matéria. Não citaram nosso protesto (por sinal lindo, mágico, poético, alternativo), não citaram nossa participação na solenidade, e até da foto nos excluíram. Mas ok, vindo do pensamento colonial que orienta a matéria da ASCOM e a reitoria, isso já era esperado.
Antes de falar um pouco sobre a minha fala e o que senti durante a noite de quinta, eu tenho algo a expor.

Nós, do DCE, não sabíamos que iríamos compor a mesa na solenidade dos 30 anos da UESB. Em cima da hora é que fomos avisados. E então era necessário que alguém fosse compor a mesa. Natália, Paolla, o Índio, Xandó e Driu não podiam ou não queriam ir. Eu queria jogar a batata para Joselito ou Lilika, mas eles não estavam. Então ou era eu ou era Clarinha. Depois de muita indecisão, depois de muita ligação do tipo"cadê vocês???", eu fui. Mas fui graças a vocês todos que me incentivaram e me transmitiram toda a força necessária para encarar a multidão. Era preciso ter alguém do DCE na mesa, a gente não podia deixar aquela oportunidade ociosa.
Eu peço desculpas a todos vocês por não ter sido decidido naquele momento, por tentar jogar a bagaceira na mão de Clarinha a toda hora. Mas só assim é que a timidez é perdida, e por isso agradeço também a confiança de todos vocês, as palavras de amizade que em nenhum outro lugar eu tive. São com pessoas assim, como vocês do DCE, que a gente se forma, se politiza, se descobre.
Mas, voltando a tal da solenidade eram tantos os engravatados com quem dividir a mesa que, apesar de está com a calça velha, camisa meio que desajustada e de chinelos, não me sentir incomodado. Não enaltecer minha imagem (como fizera o doutor honoris causa), tampouco fui dizer o que não acontece na realidade (como fez o representante da FAPESB). Vi o reitor aproveitar do ato de protesto que fizemos para "enfatizar" a "democracia" que ele finalmente "trouxe" pra a UESB. Muitos dos engravatados preferiram olhar meus pés a ver os cartazes ou receber os panfletos que demonstram nossa indignação quanto a política de permanência estudantil na Universidade.
Pocha, peço desculpas a vocês companheiros do DCE que escreveram o discurso. Eu não li. O discurso começou no momento em que comecei a falar, e infelizmente temi quebrar a linha de raciocínio da fala que eu havia metalizado. Mas ele está guardado comigo, para outras oportunidades. Não falei da greve, do mobiliza, nem falei do DCE, dos 10% para a educação pública, do RU, nada. Essas questões todas só me vieram na mente depois que li o discurso, quando já está sentado. Não conseguia lembrar de nada.
Dispensei o protocolo na fala e desejei felicidade e luz no coração de cada um que estava ali presente. Em minha fala parabenizei a Universidade pelos seus 30 anos. Parabenizei a todos aqueles que desbravaram o sertão 3 décadas atrás para edificar os sonhos de muitos que pela UESB passaram . Há que se reconhecer as dificuldades e intempéries de toda ordem naquela época. O diálogo com a reitoria tem sido mantido. Mas falei também que o movimento estudantil preconiza um ensino que não seja pragmático, uma pesquisa que vise à verdadeira emancipação social e uma extensão que seja verdadeiramente popular. O movimento estudantil quer uma Universidade Popular, e a UESB não é a Universidade que queremos. Olhei para o reitor e lembrei-lhe de nossa pauta: 1% do orçamento para a permanência estudantil. Olhei para Zé Raimundo e lembrei-lhe de outra pauta: assinatura da rubrica específica para a permanência estudantil. E finalizei dizendo que nos próximos aniversários da UESB, lá estará presente, o movimento estudantil. E saí do púlpito com as últimas palavras: "Viva o movimento estudantil". Foi uma fala bem rápida, digna de quem não havia se preparado e de quem não sabia que iria compor a mesa até alguns minutos atrás, mas tentei expressar, apesar da adrenalina, o que tem sido o movimento estudantil em minha vida, desde de que entrei na Universidade. Mas eles continuavam olhando para os meus pés.
"Os adversários acham que nos refutam
quando repetem a própria opinião
e não consideram a nossa."
Johann Goethe
Guilherme Ribeiro
DCE gestão Nada Será Como Antes
***Adaptação: Natália Silva